Primeiro artigo de uma série baseado na leitura do livro “A Sabedoria da Natureza: Taoísmo, I Ching, Zen e os ensinamentos essênios”, de Roberto Otsu. *
Por Alexsandra Machado 25.08.2024
Durante a pandemia fui convidada a fazer a leitura de um livro em grupo. Grupo formado por mulheres que iriam ler, durante um ano e meio, o livro de Clarissa Pinkola Estés, Mulheres que correm com lobos, experiência essa que explorarei em outro momento, porque aqui quero falar sobre o segundo livro lido nesse grupo, A sabedoria da natureza: Taoísmo, I Ching, Zen e os ensinamentos essênios, de Roberto Otsu.
Esse grupo é para lá de um grupo de leitura, se tornou um grupo terapêutico, onde se compartilha de tudo, principalmente, a transformação, a tomada de consciência. E eu levo para esse ambiente, que é diverso em vários aspectos, as minhas angústias e reflexões sobre o que vivo, testemunho e observo no mundo corporativo. Daí a minha leitura ter sempre esse viés, além de outros de ordem pessoal.
A Sabedoria da natureza é um livro de linguagem simples e leitura fluida, assim como é a Natureza. Ele nos ajuda a perceber que nós somos Natureza e, portanto, temos ela em nós, refletida, por exemplo, em nossos ciclos e no funcionamento dos nossos órgãos. Consequentemente e tristemente, ele nos ajuda também a constatar o quanto estamos distanciados dela (ou melhor, de nós), como se fossemos corpos distintos. Definitivamente, não somos, “intersomos”, como bem compartilhou uma amiga no grupo!
Há algum tempo estou querendo escrever artigos para compartilhar minhas interpretações, reflexões e insights na esperança ou tentativa de que impacte alguém de alguma forma e que sirva de suporte na evolução do pensamento principalmente no aspecto profissional, seja para uma transição de carreira, seja para se sentir melhor dentro do ambiente corporativo, seja para recuperar ou manter a saúde mental, enfim, o campo de possibilidades aqui é infinito.
Contudo, me detive por meses em escrever essas linhas, limitada por um pensamento de que isso era muito básico, que eu precisava de mais conteúdo, embasamento e até achando um pouco presunçoso de minha parte acreditar que um “mero” artigo pudesse impactar alguém. Até que, conversando com “novos” amigos baianos, que vivem como eu em terras paulistas, fui encorajada a colocar para fora e a dividir esse processo aqui com quem se dedicar a ler esse texto.
E aí vem a primeira lição da natureza das várias que quero compartilhar nessa série: a fluidez, assim como é a água que sempre segue pelo caminho mais fácil e não briga com os obstáculos.
Aqui eu lutei por meses com um autojulgamento, um viés inconsciente geracional, uma falta de concentração e penso que deixar isso represado por muito tempo me fez mal de alguma forma, porque durante todos esses meses os artigos ficaram aqui pulando em minha mente, como bem Roberto traz no capítulo sobre as lições da água, meus pensamentos ficaram construindo uma verdadeira obra de arte em rococó mental.
Ele traz: “Assim como o rio tem o propósito de levar suas águas para o mar, nós também temos uma missão de vida a cumprir.” Eu fiquei enroscada, empacada nessa escrita, não deixei fluir. Ele continua, “Não vale a pena. Se fluirmos como um rio, não haverá desperdício, nenhuma perda. Nenhuma pedra. Ao contrário, ao fluir, nos sentimos gratificados e felizes por estar cada vez mais perto da nossa verdadeira natureza e da nossa missão.”
E você, se está deixando fluir?
*Otsu, Roberto. A sabedoria da natureza : Taoísmo, I Ching, Zen e os ensinamentos essênios / Roberto Otsu. 6. ed. – São Paulo : Ágora, 2019.